sábado, 8 de dezembro de 2012

Oito de Dezembro

Há dois anos, a esta mesma hora, eu era só ansiedade e incerteza. Em um quarto de hospital, com o Marido, só cabia a mim esperar. Esperar por ordens, notícias, orientações, visitas, esperar pelo melhor. Há dois anos, a esta mesma hora, eu dava entrada no hospital para passar pela coisa mais assustadora que me aconteceu: um cirurgia de pelo menos 4 horas para a retirada de um câncer no pulmão e uma parte dele.

Sim, lá se vão dois anos, e parece que foi ontem que precisei pedir um calmante para conseguir falar palavras inteiras, sem engolir nenhuma letra, de tanta ansiedade. Parece que foi ontem que a Camila Laudano e a Andrea Uchôa entraram no quarto com um balãozinho de coração metalizado, um jarro de lírios e um cartão com os melhores desejos de toda a equipe do Núcleo de Imprensa (nada disso pôde ficar no hospital, mas estava tudo me esperando no quarto quando voltei pra casa). Parece que foi ontem que entrei em uma sala de cirurgia deixando minha família inteira do lado de fora, com a cara mais apreensiva do mundo. E levando em consideração que tenho 31 anos e pretendo viver mais uns 60, foi ontem mesmo...

Desde então (para ser mais precisa, desde 28 de outubro de 2010, dia do diagnóstico de tumor carcinóide atípico moderadamente diferenciado no pulmão), minha vida mudou um pouco. Nunca fiz tantos exames de sangue na vida - e nem assim perdi o medo das agulhas; e tomografia agora é como tomar remédio para dor de cabeça. Agora aprendi que é legal se deixar cuidar, mesmo mantendo a mania de tomar conta de tudo e se meter na vida de todos. E a melhor parte: ganhei mais um dia para celebrar um aniversário, coisa que amo!

Sim, porque considero 8 de dezembro de 2010 um segundo aniversário - coincidentemente, no ano que marca, segundo a astrologia, o retorno de Saturno, o fim de um ciclo e o recomeço de outro (até falei disso no primeiro post deste blog). O Renato Russo cantou bem isso em "29", do CD "O Descobrimento do Brasil". Acho que foi o recomeço mais bem marcado que já tive, e os próximos não precisam ser pelo mesmo processo... 

O Marido acha que não devo ficar com essa data marcada - este ano, ele me perguntou se eu ia comemorar isso todo ano. Às vezes entendo o ponto de vista dele, que convive comigo todo dia, e sabe que nem sempre as lembranças do câncer a da cirurgia me fazem bem. Mas acho que revestir esse dia de alegria pelo resultado positivo vai deixá-lo cada vez mais uma memória mais para boa que para ruim. Sim, porque me lembro da incerteza, da falta de controle sobre o que ia acontecer comigo, do medo de morrer na cirurgia, da internação longa e dolorosa, do período de recuperação mais doloroso ainda (e de como enlouqueci a vida do Marido)... Mas me lembro muito mais de entender que, a partir daquele dia, daquele tumor eu não morreria mais. E a cada ano comemorado, me lembro que é menos um de ameaça - quando chegar no quinto, estarei oficialmente curada e de alta!

Até lá, vou oscilando entre a certeza de que estou bem, porque não estou sentindo nenhum sintoma da metástase específica deste tipo de câncer (síndrome carcinóide), e o medo de que algum tumor esteja aparecendo, já que da primeira vez não senti nada também. Mas quer saber? Os momentos de certeza de estar bem estão ganhando agora, e é isso que importa. E o que vale mesmo é comemorar mais um ano de vitória!


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Projeto "in treatment"

Tá bom. Mais uma vez estou com medo. Há dias com uma sensação de apatia que me impede de fazer as coisas mais simples em casa. Paralisada. Em dezembro, mais uma leva de exames. E depois de tanto tempo, bateu um terror de acontecer tudo de novo: diagnóstico, medo, cirurgia, recuperação, exames, exames, exames sem parar. Hoje me dei conta do motivo. Há dois anos, quando desvobri o câncer, tinha acabado de voltar de uma viagem maravilhosa, muito sonhada e planejada, estava vendo o mundo cor de rosa, e poucos dias depois estava com câncer. Acho que minha cabeça viu uma repetição: acabo de voltar de uma viagem maravilhosa, muito sonhada e planejada, estou vendo o mundo cor de rosa... Por que não vai acontecer a mesma coisa?

Me sentir assim, à beira da depressão, é muito ruim. Paralisante. Nâo combina comigo. Quando tudo passou, fiz uns meses de terapia. Foi ótimo, me sentia muito bem, mas cansei. Mas, tenho que reconhecer: ter essas oscilações de humor são normais na minha condição - e em tantas outras, mais ou menos graves.

Por isso, tive uma ideia: todo mundo já viu no Facebook aquele post "se vc conhece alguém que está lutando contra o câncer, venceu, ou perdeu a luta, deixe isso uma hora em seu mural". Parece confortante para quem está passando pela doença. Para mim não é! Mas foi útil porque a partir disso, pensei como seria bom saber de outras pessoas o câncer ou outras doenças graves, para saber se eu tô ficando maluca, se só eu penso coisas malucas, tenho crises de raiva, de tristeza, de culpa... Por que não no blog? E com ajuda do Facebook?

Fica aqui o convite: se vc está passando, ou conhece alguém que está passando por essa situação, que  queira trocar experiências, é só dar meu blog. Vou abrir espaço para diversos guest posts para quem quiser compartilhar com todos, ou apenas trocar ideias in private.

Tomara que dê certo. Conto com os amigos, parentes, amigos dos amigos e todo mundo...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

No topo, bebendo vinho e testando o pulmão!


A quase três mil metros de altura, me dei conta de que realmente posso tudo. Por uma semana inteira eu e o Marido estivemos na Argentina, em Buenos Aires e Mendoza. Esta viagem era um sonho que se transformou em um plano há um ano atrás. E ao chegar ali, em uma das montanhas da pré-Cordilheira dos Andes, com muito sol e frio também, vi que não era uma doença que mudaria quem eu sou, meus desejos e minha vontade de me aventurar. Essa foi a prova de fogo para meu pulmão sem um pedaço, porque mesmo com ar rarefeito, esforço, um pouquinho de perda de fôlego e medo ele se saiu muito bem e me levou a uma das paisagens mais impressionantes onde já estive.

Quando decidimos ir à Mendoza, a única ideia que tínhamos eram vinhos, vinícolas e a imagem da Cordilheira dos Andes. A ideia da viagem começou com a nossa paixão por vinhos, e Mendoza é a principal região produtora argentina, de onde vêm 80% dos vinhos do país e que ocupavam uns 50% da adega aqui de casa. Mas, à medida que fui avançando nas pesquisas, fui descobrindo mais encantos desta cidade: um deserto que virou um oásis tem programas para diversos perfis, inclusive aventuras radicais. Mostrando tudo para o Marido, ele gostou e sugeriu que fôssemos também a Buenos Aires. Fiquei animadíssima com essa empreitada!

Em Buenos Aires foram longuíssimas caminhadas por essa cidade linda, limpa, com gente muito simpática e receptiva (ao contrário do que reza a lenda, os hermanos ficavam ainda mais simpáticos quando sabiam que éramos brasileiros...). Almoços com carne deliciosa, muito dulce de leche no café da manhã e no Café Tortoni, sorvete, empanadas.... Ainda bem que andamos muito, se não tinha voltado rolando de lá! E ainda teve açgo incrível: fizemos carinho e demos leite a um leão no Zoo de Lujan!



Na noite do nosso aniversário de casamento (sábado, 22/9), fomos assistir a um shoe de tango no Café Tortoni. Lindo, intimista, nada daquele estilo "Show de Mulatas do Plataforma" que andei vendo por aí. Só um cantor, uma banda com quatro músicos e um casal de dançarinos. Ao chegar, fomos para nossa mesa, onde já havia uma dupla de senhoras - depois soubemos que eram mãe e filha. Pensamos se falávamos ou não com elas, e decidimos pedir uma garrafa de champagne pra brindar nosso aniversário e oferecer uma taça a elas. A decisão foi mais que acertada! María Julia e Toti tinham ótimo papo, muita simpatia e eram moradoras de Mendoza! O encontro nos rendeu um convite para um jantar maravilhoso na casa delas, marcado por e-mail para a quarta-feira.

Chegamos à casa da Toti, a mãe, e fomos recebidos por Cecilia, uma irmã da Julia. A família toda nos aguardava: um outro irmão da Julia, a mulher dele e os dois filhos, Gonçalo e Sabrina. Os dois lindos! O Gonaçalo estava louco para nos ouvir falar português, porque é fão do Hulk e do Cristiano Ronaldo, além de adorar "Ai, se eu te pego" e "Tchetcherere" (nem tudo é perfeito, rs). Tivemos que falar e cantar essas músicas para ele. Foi uma noite mais que agradável, todos muito curiosos sobre o Brasil, com deliciosas iguarias típicas argentinas, um cuidado amorosíssimo da María Julia. Foi a coroação de uma viagem deliciosa, com um inesperado impensável! Voltamos de lá com amigos fora do Brasil...

Em Mendoza, além de novos amigos e trekking na cordilheira, tivemos dias recheados de vinho e almoços deliciosos nas vinícolas! Também fizemos uma aula de culinária maravilhosa - sem dúvida, nossa melhor refeição em solo argentino... E muito romance, claro, que era uma viagem comemorativa de cinco anos de casados! O saldo são duas pessoas com mais bagagem cultural, mais conhecimento, muitas garrafas de vinho na bagagem (que chegaram intactas!), e mais felicidade!

Nossa primeira viagem internacional, com boa comida, vinho, aventura, cultura e muito romance!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Perdas, ganhos, reconquistas

Fuém, fuém, fuém.... Meu terceiro dia de férias poderia ter sido assim. Mas tudo na vida é ter um plano B. E mais uma vez, uma prova de que planejamos apenas para nos manter na sanidade; realizar os planos depende de um conjunto de coisas, e a vontade / determinação é apenas um elemento. Hoje seria meu primeiro dia de praia das férias. Qual o quê (adoro essas expressões velhas)! Dia sem sol. Poderia ter ficado reclamando em casa, mas qual a graça disso?

Livro e filme fizeram o meu dia bem melhor do que eu poderia imaginar.

Biblioteca Pública da Tijuca. Um senhor que parecia saído de um filme é o atendente. Muito simpático, feliz quando eu falei que iria me inscrever e já pegar livros! Fui atrás de uma Marian Keyes e um Mia Couto (tudo a ver um com o outro, né? Só que não): o que tinha dela já li; os dele, não consegui achar na estante. Mas dei de cara com "a máquina de fazer espanhóis", do valter hugo mãe - ele escreve e assina em minúsculas mesmo. Estou encantada e envolvida com a história: um velhinho perde sua companheira de toda a vida e é levado para um asilo. Só cheguei até aqui. Mas o jeito que ele escreve pega o leitor.

"estávamos escondidos de todos, eu e a minha mulher morta que não me diria mais nada, por mais insistente que fosse o meu desespero, a minha necessidade vital de respirar através dos seus olhos. a minha necessidade vital de respirar através do seu sorriso. eu e a minha mulher morta que se demitia de continuar a justificar-me a vida e que, abraçando-me como podia, entregava-me tudo de uma vez. e eu, incrível, deixava tudo de uma só vez ao cuidado nenhum do medo e recomeçava a gritar."

Belo. Tocante. E mais bonito ainda é saber que ele escreveu uma história de um velhinho porque o pai morreu antes da terceira idade: um presente dele para o pai.

Comecei a ler na volta do cinema, fui ver um filme que também fala de perdas e encontros. E como se trata de mim, não foi uma simples ida ao cinema: foi uma "viagem" a Guadalupe! "À beira do caminho", do Breno Silveira, estreou há um mês e passa em apenas três salas no Rio e Região Metropolitana. Em horários estranhos. Escolhi 13h no Multiplex Jardim Guadalupe Shopping - um shopping novo na Avenida Brasil.

(Só um comentário: o shopping é lindo, grande, com lojas bem legais, e o cinema... Bem, é maravilhoso! Grande, poltronas superconfortáveis e uma tela gigante! Hoje, a entrada custava módicos R$7. Valeu muito a visita!)

Aguardei esse filme ansiosamente, desde que comecei a ler a respeito. Um caminhoneiro solitário que esconde um passado que gerou essa solidão encontra um menino escondido em seu caminhão. O garoto quer ir pra São Paulo atrás do pai que nunca conheceu, agora que a mãe morreu. Tudo guiado por algumas músicas de Roberto Carlos. O final ao som de "Eu voltei, agora pra ficar..." é a coisa mais linda. Ao longo do filme, mesmo sem saber nada do que fez João, o caminhoneiro, ficar desse jeito, a gente sente o sofrimento dele. Mérito do diretor, mérito do excelente ator (João Miguel). O menino também gera um amor instantâneo, com seus olhos profundos.

Não sou profunda conhecedora de cinema, sou mais curiosa mesmo. Mas achei muito bom cartelar o filme com frases de parachoques de caminhão. Lindo como a paisagem da estrada traduz o estado de espírito de João, um homem orpimido por si mesmo, rodando entre aridez, paredões rochosos, poeira... Como essa paisagem vai mudando ao longo do filme. Talvez seja um lance óbvio, mas não achei.

Muitas perdas e encontros ao longo da estrada. Uma história de vida como tantas outras, com mais ou menos tragédias. Sou manteiga derretida, ok, mas duvido que alguém consiga conter as lágrimas, ou pelo menos uma marejada nos olhos, quando João volta à casa da mãe e assiste um VHS antigo com uma gravação doméstica. Ou que não se emocione com a sequência final.

Tudo isso visto por 5 pessoas: eu e dois casais. Dia de semana, 13h. Só para quem está de férias mesmo.

***
Um dia cheio de idosos.
Amanhã, 13/9, seria aniversário de 90 anos do meu avô.
Ele morreu há quase 6 anos: a primeira grande perda da minha vida.
José Maurílio foi um self-made man: criou seu próprio sobrenome, que vai morrer aqui, com os netos que conviveram com ele - uma vez que só teve filhas. Do nada, da roupa do corpo e da força, criou três filhas e apoiou nove netos. Construiu duas casas. Ao contrário de João, do filme, não fugiu diante da dor, e sim se reinventou. Olhou só para frente. Acho que ele foi feliz, afinal, só nos deu felicidade, e as pessoas espalham o que sentem, certo?
Avô, é em honra a você que mantive o Maurílio no meu nome depois de casada.
Amanhã vou brindar aos seus noventa anos, afinal de contas, você vive em nós.





terça-feira, 14 de agosto de 2012

"No creo en las brujas...

...pero que las hay, las hay". Essa é uma das frases que mais gosto! Acho que me descreve bem. Ao longo dos anos, passei de carola que ia à missa todos os domingos, participava de grupo jovem e todas as outras atividade da igreja para alguém que tem quase aversão à religião. Mas continuo devota de Nossa Senhora das Graças e rezando quase todas as noites. Questões sobrenaturais? Me causam mais desconfiança que credulidade. Jà falei um pouco disso por aqui, e hoje retomo o tema. Afinal, acho que todo mundo se pergunta um pouco sobre o que existe além da vida que vivemos.

Me lembrei disso hoje, pensando na minha avó Alfa, que morreu há dois anos (completados em 22/7). Nos seus últimos dias, por algumas vezes ela delirava um pouco, meio sonhando meio acordada. Confundia minha mãe e meu pai com parentes seus do passado, como a madrinha. Sempre parecia conversar com essas pessoas. Em uma dessas conversas, ela disse, muito triste, quase chorando: "Não, isso não! Eles estão tão bem!". Confesso que quando minha mãe me contou isso achei que tinha algo a ver comigo.

Minha avó era muito grudada comigo. Ao longo da minha vida fez até algumas maldades comigo em nome desse amor. Não tenho mágoa nenhuma, e quando ela morreu, o que ficou foram só as coisas boas. Quando eu soube dessa história da frase, senti que tinha algo a ver comigo, até por esse grude. Mas não acehi que fosse uma previsão, um pressentimento, uma conversa do além... Mas eu fiquei com isso encasquetado.

Pois bem, quando em outubro de 2010, três meses após a morte da minha avó, começou todo o processo do diagnóstico do câncer, desde a primeira vez eu tinha certeza que era sobre isso que a minha avó falava no delírio. Por outro lado, também poderia ser uma coincidência. A verdade é que nunca vou saber disso. A não ser no dia que eu morrer, se houver um outro lado claro, e encontrar meus familiares.

***

Nas últimas duas semanas tenho sentido muito saudade da minha avó... Lembro de como ela ficou fragilzinha nos últimos meses de vida, no tanto que reconheceu seu erros, no balanço que fez da vida, pedindo desculpas pelos erros. Espero que ela tenha morrido em paz. Minha melhor amiga a vida toda, Ana Paula, diz que ela foi abençoada porque morreu dormindo. Espero que não tenha sofrido e que essa morte tranquila seja reflexo de uma tranquilidade que ela controu na vida, masmo que nos últimos dias.

***

Aproveitando o tema, vou contar aquela minha esperiência fora do corpo, que falei há alguns postas atrás. Tive um desmaio fazendo exercícios em um acampamento. Durante o tempo em que fui socorrida, fiquei flutuando uns dois metros sobre a situação. Não fiquei aflita, não tive estranhamento, nada. Só tentava falar e não conseguia. Até que, como se eu fosse água descendo pelo ralo, voltei para o corpo.

Só digo uma coisa: foi estranho. E lembrar disso não diminui minhas dúvidas...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Pausa para momento mulherzinha!

Hoje que me dei conta que ainda não tinha rolado nenhum momento futilidade nesse blog! Vamos equilibrar e falar um pouco de uma das coisas que mais gosto: cosméticos!

Como ando em um período de contenção de gastos - promessa de ano novo que venho cumprindo a trancos e barrancos! - tenho controlado a mão com esmaltes, batons, blushes e afins... Mas como não sou de ferro, o trato comigo e com o Marido foi assinar uma dessas caixinhas de miniaturas de produtos de beleza. Essa é a invenção do século! A primeira experiência foi ruim com a Glossybox: começou com produtos legais em miniatura, depois começou a repetição de sabonetes, o atraso das caixinhas e, por fim, a substutuição de miniaturas por amostras grátis! Desisti.

Daí ouvi falar superbem da Glambox, com curadoria da princesa Paola da Orleans e Bragança, que trazia marcas top, com miniaturas de verdade e pelo menos um produto em tamanho real. Por R$ 50 ao mês achei um bom negócio e resolvi testar. Que boa escolha! Hoje chegou minha primeira caixinha, com seis produtos, sendo 4 em tamanho real: um esmalte lindo da Revlon, que vi ontem em promoção a R$9,90; um lápis preto com esfumador Duda Molinos (R$28); um demaquilante para os olhos Koloss (R$16,80) - só esses valores já cobrem a assinatura -; e ainda teve um mimo pro Marido: um sabonete de barbear da Granado (R$4,50). Entre as miniaturas, um L'Occitane - que eu am -, gel pra banho com três óleos essenciais (looooosho!) e um tratamento para os cabelos Morocconoil.

Pra mim valeu muito! Muita gente diz que não valeria tanto porque dá pra pegar esses R$ 50 e comprar o produtinho que quiser. Mas a vantagem de experimentar coisas que eu não compraria me atrai, além de "ganhar" surpresas que eu gosto... Ah, gente! Funciona no meu psicológico e eu me sinto muito bem - recomendo! Vou aguardar mais um ou dois meses, e se continuar nesse padrão, vou fazer uma assinatura anual, em vc paga 10 caixinhas e recebe 12 - que beleza, hein? Fora que cada avaliação que vc faz dos produtos no site gera pontos, que vc pode usar para comprar os produtos em tamanho real.

Não tô ganhando nada por isso, mas dá uma olhada lá no site e experimenta, mulherada! É só clicar no link do texto - ai, como eu tô bacana...

PS: Como é o destino... Ontem, quase comprei o esmalte da Revlon em promoção que vi na farmácia do Extra a R$10. E hoje ganho um na caixinha. Que bonito!

terça-feira, 22 de maio de 2012

A crise da cicatriz

Sim. Quando passei pela cirurgia e fui pra casa, o que sobrou foi uma cicatriz - no sentido literal e no figurado. E um está intimamente ligado ao outro. Ontem foi dia da Crise da Cicatriz, a primeira depois de quase 1 ano e meio de cirurgia.

É engraçado porque sempre tive uma relação boa com essa marca. Perdi a conta de quantas pessoas me sugeriram fazer uma tatuagem em cima dela, e eu achei bobagem (continuo achando), porque ela seria como uma ruga, conta a minha história. Nunca escondi a dita-cuja, porque sempre adorei minhas costas e portanto, amante dos decotes que a deixam a mostra. E minha lagartinha nunca foi empecilho para continuar mostrando essa parte do meu corpo.

Mas ontem - na verdade hoje, já era maia-noite - quando fui tomar banho, resolvi olhá-la pelo espelho. É uma ação rotineira para mim, fico olhando pra ver se ela sofreu modificações, se está escurecendo, clareando, enfim... Vi que estava clarinha, o que é bom; mas na mesma hora me deu um nó no peito! Comecei a chorar, e, mais uma vez, o Marido foi quem me ouviu. Fiquei pensando - e falando - o quanto gostava das minhas costas, e que agora aquilo estava ali, e eu não conseguia me reconhecer naquilo. Foram bem uns 10 minutos de choro soluçado mesmo, daqueles com vontade!

Hoje acordei e achei engraçado tudo aquilo, de uma certa maneira. Essa marca sempre foi tratada com carinho, como uma coisa "minha" e de repente não era mais reconhecida. Que mudança é essa? Sei que ainda muitas virão depois que descobri esse câncer e todo o percurso até a cura parcial do momento, mas não sei como vai ser essa montanha russa ao ongo do tempo.

Na verdade, acho que há uma semana fiquei refletindo sobre a cicatriz, por causa do Feijão (pra quem não sabe, é o meu sobrinho Igor). No dia das mães, ele viu a marca e perguntou o que era. Eu lembrei de quando ele foi me visitar no hospital e contei a história, que o médico tinha cortado pra tirar uma "bolinha de doença" que estava "dentro da titia". A pergunta dele: "Mas cortou com faca?". Acho que esse espanto dele ficou guardado ao longo da semana - mesmo eu explicando que não tinha doído, que eles deram um remédio pra eu dormir, bla bla bla. Acho que não doeu na hora, mas tem doído agora, né?

"Mas cortou comm faca?" É, eu também fico perplexa com isso...

***

Sim, sou picareta. Um mês e 8 dias sem escrever uma linha. Tsc, tsc

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A chuva/o sol/a seca castiga...

Confesso: deve ser insuportável assistir telejornal comigo ou estar perto de mim lendo um jornal ou uma revista. Atuo como uma ombudsman informal de todas as mídias. É chato. O Marido não aguenta. Mas eu não consigo parar de fazer!

Minha primeira implicância é antiga: é a tal frase batida "as chuvas que castigam o Sul", "a seca que castiga o Nordeste". Castiga? O que o Sul ou o Nordeste fizeram para merecer algum castigo? Porque é assim desde que a gente é criança - se faz um negócio errado, fica de castigo (cartigo, para alguns, rsrsrs). E então? Qual o motivo do castigo? Rigorosamente nenhum. É o poder do clichê: se usa tanto que ninguém mais pensa no significado da palavra ou expressão.

Se um dia eu for dona de algum veículo de comunicação, editora-chefe ou coisa assemelhada, será terminantemente proibido falar esse tipo de coisa! Imagina a pessoa que passou ou está passando por todo esse drama. Ela ouve que a cidade é castigada. Que culpa!

Outros problemas são os apresentadores-palhacitos. Sabe aqueles que adoram fazer uma gracinha ou uma piadinha? Detesto! Não que o jornalismo tenha que ser sisudo, mas tem passado tanto da medida. Acho que é reflexo da busca pela classe C. O povo da TV acha que falar para pobre é é descer o nível, se não ninguém entende. Tipo dizer que ter muitos casos de dengue é "ter casos pra chuchu".

É como diz meu amigo Viola: do jeito que vai, a realidade é que o JOrnalismo foi comprar cigarro e não voltou...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tirando as teias em grande estilo: metafísica

Descobri, há mais de um mês, um blog sensacional, de um amigo de uma amiga: o Conta Uma, do Angelo Morse. Ele consegue postar quase diariamente histórias que aconteceram com ele. É um exímio contador de histórias, porque ex-namorada, cunhada, banheiro, trabalho, tudo MESMO rende histórias engraçadíssimas! Viciei e recomendo.

Daí pensei: tenho que colocar umas histórias no blog também! Mas advirto que não será como as do Angelo, e sim pensamentos malucos com os quais eu atazano a vida do Marido.

O primeiro destes pensamentos tem relação direta com o câncer que tive e seu tratamento.

Passei por uma cirurgia de quatro horas, que retirou um tumor de 2cm e um terço do pulmão direito. Fiquei cinco dias no CTI, um mês inteiro de cama, cansando de levantar para ir ao banheiro, sem poder gargalhar, espirrar e falar normalmente. Mas o que me deixou louca demais foi a forma como as quatro horas no centro cirúrgico se passaram. Fechei os olhos quando o dr. Ricardo (anestesista) preparava meu punho para abrir e colocar uma monitoração, lavando o braço com um líquido que parecia álcool 70º. De repente, a dra. Viviane (assistente do Ricardo) me diz: "Laís, vamos levar você para o quarto".

Para tudo!!! Eu pisquei e passaram quatro horas! Quatro horas em que me entubaram, abriram minhas costas, cortaram meu pulmão, me fizeram uma transfusão de sangue, me costuraram e eu não senti passar. Desde que a anestesia passou e eu voltei a pensar, não paro de tentar entender isso. Não é o mesmo apagão de dormir profundo - por mais que você não lembre de nenhum sonho, quando acorda no meio da noite tem ideia que passou algum tempo. Nesse apagão não: foi literalmente um piscar de olhos!

O que aconteceu nesse período? Se temos uma alma que é ligada ao corpo, mas também independente dele em certa medida, onde ela esteve nessas horas de não-existência (obrigada, Marcela Prior!)? Isso é uma prova que a alma não existe, só a consciência? Se sim, qual a diferença entre esse apagar e a morte? De certa maneira morri por quatro horas? Se eu tivesse morrido, não iria nem sentir?

Para uma pessoa que, como eu, já teve uma experiência fora do corpo - uma hora dessas conto -, a coisa ainda complica um pouco. Há um paralelo entre esses dois eventos: um, apontava para uma alma que sai do copo e te permite ver uma situação; o outro, mostra um "buraco negro" de consciência... Confesso que estou pirando! Esse pensamento não me consome, mas eu penso nisso constantemente. Alguém tem algo a me dizer? Discussões abertas!

domingo, 11 de março de 2012

Fim do Silêncio

Um mês de silêncio, nem uma linhazinha digitada - o que não quer dizer que muitas não tenham sido pensadas! O primeiro motivo para tanto tempo sem dar as caras é a decepção ENORME que foi a comemoração do meu aniversário... Sim, logo eu, que faço contagem regressiva, amo aniversário, acho o máximo festa, bolo, parabéns, tive a comemoração mais fuém do século. O dia 13 foi muito agradável: bolinha com a família em casa, chapéuzinho de anivesrário no trabalho, almoço de aniversariantes coletivo - uma colega muito especial aniversaria junto comigo! Mas a grande comemoração com karaokê, superplanejada não deu certo... Esperei por umas duas horas, em meio a algumas lágrimas, a chegada de amigos, e nada! Fui embora do bar levando o bolo pra casa, com uma tristeza e uma sensação de humilhação tão grandes...

Essa rasteira foi fruto do Carnaval - esqueci do quanto é ruim fazer aniversário nas proximidades desta grande festa amada por tantos (ano que vem é na segunda de carnaval, eca!). E para completar, duas demissões que acabaram com o astral do dia no trabalho. Sei que o fail da festa não foi por falta de amigos, ou porque as pessoas não gostam de mim; mas foi TÃO ruim a sensação! Achei que ia morrer, mas hoje consigo até rir disso, rsrs

Mas nem tudo foi perdido! Minhas amigonas Aninha e Crisgomes foram atá o lugar e tomamos choppinho em um bar próximo! Rimos bastante e elas levantaram o astral do niver... Sem falar na Gabi que apareceu e não me achou e a Ivy que ficou presa no trabalho mas queria muito cruzar alguns bairros para me dar uma abraço...

Passado o susto, vida normal - até no blog!

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Notícias de consultório 2012.1!
Visitei a dra. Aline nesta segunda-feira. Todxames estavam os exame estavam ok. Faltava ver apenas o exame-chave, que vai direto para o consultório. A Cromogranina-A é o exame de sangue que mostra uma alteração de serotonina que a síndrome carcinóide - a metástase do tumor carcinóide que eu tive - causa. Por mais que as funções hepáticas e o meu estado geral de saúde indiquem que eu estou muito bem, é ele que bate o martelo. É sempre tenso ir pra consulta...
Mas, realmente, estou muito bem. Muito bem MESMO! Tão bem que nem vou precisar fazer exames entre esta e a próxima consulta, em junho. Meu pulmão está funcionando muito bem, totalmente adaptado à falta do lobo inferior direito que foi retirado.

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Os treinos também estão indo - na verdade, amanhã é que começo com maios disciplina, meia hora de corrida/caminhada todos os dias de manhã. É um desafio, vou precisar acordar cedo porque à noite estarei de volta à Unirio - sim, retomo minha graduação em Letras no esquema devagar e sempre, três matérias por semestre! Por conta disso, treinos às 6h30 da manhã! SELVA! rsrsrs

Estou, no momento, correndo 2km seguidos. Depois, vou correndo e caminhando alternadamente. Sigo firme no propósito de chegar ao Circuito Vênus de junho fazendo os 5km com tranquilidade. E, claro, o objetivo final: São Silvestre no fim do ano! Eu e Thalita, minha best paulistana, que escreve aqui sobre moda. Tem até um post do meu niver frustrado que foi uma afago lindo dessa amiga mais que especial...

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Até a segunda postagem da semana!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Tá chegando a hora!

Faltam menos de 24 horas pro meu aniversário! E estou com aquela sensação boa de aguardar por algo muito, muito importante. Pra mim, poucas coisas são tão importantes quanto este dia, e acho que nenhuma é mais importante... Parece até uma coisa narcisista, mas acho que celebrar a própria vida é algo que não tem preço; e fazer isso com amigos e família é ainda melhor.

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E vamos que vamos que estou muito furona com minha meta de escrever duas vezes por semana no blog - aliás, estou beeeeeemmm furona, rs. Mas agora que meus olhos já estão quase cem por cento depois da correção de miopia vou assumir esse compromisso com mais afinco. A visão está cada vz melhor, e terça feira vou fazer os exames para ver se o grau zerou ou não. E tome expectativa...

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Notícias de consultório: exames de sangue mostratam que está tudo bem cm meu fígado. Ele é sempre monitorado porque no tipo de tumor que eu tive a metástase é sempre para este órgão. Essa é uma excelente notícia!!! Agora, minha próxima consulta é na primeira semana de março, e aí vou ver o resultado do exame específico. Juro que essa expectativa é a pior de todas: fico ansiosa, com medo e mal-humorada. Tudo efeito da pergunta que não quer calar: será que estou mesmo bem como estou me sentindo?

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Essa semana foi de fazer a social na net. Encontrei vários vlogs legais que estou seguindo! Fiquem à vontade para dar uma olhadinha na minha lista!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Semana de expectativas

Entrei na contagem regressiva final para meus 31 anos! Daqui a uma semana, em 13/2, completo mais um ano de vida. Quem me conhece sabe: fico igual a criança esperando o presente de Natal nas proximidades do meu niver. Graças a Deus, escapei do carnaval por mais um ano, rsrsrs - ninguém merece esperar um ano inteiro e dividir as atenções com esse negócio de folia de Momo...

Depois de tudo o que aconteceu, achei que fosse ficar mais entusiasmada com os aniversários. Mas continuo com a mesma GIGANTESCA animação de sempre! E ainda adotei mais uma data além da natalícia: 8/12, dia da minha cirurgia, virou meu segundo aniversário.

Espero inaugurar postagens com fotos nas comemorações desta minha entrada definitiva no mundo balzaquiano! Sim, depois dos 30 redondos, não tem nem como tentar fugir do rótulo de trintona... Não que eu quisesse - nenhum problema em assumir a idade.

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Vamos aos treinos! Só voltei a eles pra valer neste fim de semana: sábado na praça Afonso Pena e domingo no meu querido Maracanã, lugar preferido para treinar perto de casa. Ainda devagar, mais andando que correndo, mas até a minha próxima corrida, em junho, acredito que vou estar tranquila para fazer os 5km com leveza...

No domingo, além do exercício, também foi dia de faxina! Limpando o revisteiro, descobri a revista WRun de dezembro/janeiro lacrada! Abri e achei uma planilha para chegar a 30 minutos correndo sem parar. Gostei, porque sempre vi planilhas com distâncias e essa de tempo me animou... Já vi no site que a planilha deste mês será a transição dos 5km para 10km - minha meta até setembro, para chegar em dezembro fazendo os 15 da São Silvestre! Vou escanear a página da planilha e postar aqui em breve - o Marido está no computador ligado à multifuncional e eu postando no netbook, mas a promessa é para esta semana ainda!

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Mais uma etapa vencida: exames feitos e até agora tudo em ordem! Um dos exames vai direto para a dra. Aline, mas pela ausência de sintomas, deve estar tudo bem. Confesso que no último mês andei azucrinada com a proximidade dos exames, como sempre. Mas já fiquei bem mais calma que outras vezes. Agora só faltam mais três baterias este ano, rsrs

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Voltando a outro assunto: que bom que o autotransplante do Gianechini deu certo, né?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Aqui quem fala é da Terra

Sou uma nova mulher, com visão além do alcance! Hoje fui à primeira avaliação depois de operar meus dois olhos para consertar meus 5,25 graus de miopia. A visão está a 100%, mesmo que ainda com algum embaçamento. Já circulo por aí toda toda só de óculos escuros bemmm peruinha, ao meu estilo! Dois problemas desse milagre: um mês sem praia e sem maquiagem nos olhos! Será que sobrevivo há esse tempo todo sem rímel? rsrsrs

Pela cirurgia recente, as notícias são breves. Tenho que poupar meus novos olhos do computador, e como trabalho com ele o dia inteiro, me resta pouco tempo para descansá-los. Aos poucos vou entrando no ritmo de antes, com posts maiores. E contando tudo sobre a cirurgia refrativa e reforçar que super-recomendo a todos que pensam em fazer!

No mais, momento TPE: tensão pré-exames. Sim, já chegou novamente a hora de ver se a saúde está ok ou se alguma bolota resolveu dar o ar da graça. Assim que houver resultados e consulta, conto tudo!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Uma novidade e uma satisfação

Em menos de 15 dias, já quebrei a meta de escrever duas vezes por semana! Mas tenho explicação: para quem não sabe, sou quase cega, com 5,25 graus de miopia em cada olho. Mas desde a semana passada apenas um olho mantém o problema. Fiz cirurgia de correção! Por isso, precisei ficar fora do computador, e só volto com carga total na próxima segunda-feira.

Está tudo indo muito bem e não vejo a hora de enxergar perfeitamente - sensação que não me lembro de viver, já que uso óculos desde os 9 anos! No mais, até a volta, com o relato completo da cirurgia e do pós-cirúrgico para encorajar quem quiser a passar por essa maravilha!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Cumprindo resoluções e promessas

Hoje é 7 de janeiro. Minha postagem mais recente foi no dia primeiro. No último dia do prazo, no deadline, estou cumprindo uma das resoluções de início de ano que fiz aqui: escrever pelo menos duas vezes por semana no blog. Um bom começo, apesar de a outra principal ainda estar no débito - não corri 50 metros essa semana! Mas há motivo: "problemas femininos" têm me deixado indisposta para qualquer atividade mais pesada, desde arrumar muitas coisas em casa, treinar corrida, ou pegar o metrô (devo confessar que tenho evitado o metrô graças ao Marido, de folga em casa e me mal-acostumando com carro para ir e voltar do trabalho, rs).

Vamos dizer que cumprir um compromisso me anima e fortalece para cumprir os seguintes. E já que estou nessa vibe de pagar minhas dívidas - financeiras e de palavra - hoje farei um outro pagamento e falar do Gianecchini. Ele voltou a ser internado e esse foi o gancho que me trouxe para o assunto.

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Reynaldo Gianecchini descobriu no ano passado que estava com um câncer no sistema linfático, e seu tratamento é noticiado o tempo todo. Esta semana, ele foi internado sem motivo divulgado, mas agora já se sabe que a internação é o preparativo para o autotransplante de medula pelo qual ele vai passar. Mas o que me motivou a falar do ator não é o simples fato de ele ter câncer como eu; mas sim uma declaração que ele deu e foi mal interpretada: quando começou a fazer quimioterapia e visitou crianças que estão na mesma luta, Giane disse que "a doença poderia ser uma dádiva". O ator se referia à quantidade de afeto que estava recebendo. Choveram críticas de que ele estava fazendo um desserviço a quem sofria com o câncer.

Na boa, que gente chata... Quando descobri que tinha um tumor e contei aos meus amigos, a melhor coisa foi receber ligações, e-mails e mensagens de pessoas me encorajando, dando apoio, se colocando ao meu lado. No caso dele - e da Dilma, do Lula, e tantas outras "pessoas públicas" - isso é elevado à enésima potência, por causa de uma legião de desconhecidos que se dispõe a enviar mensagens e rezar. Isso realmente aumenta nossa força, e era sobre essa dádiva que o cara falava. Só quem passa por uma situação difícil e ainda tabu sabe o quanto esse limão pode virar uma limonada por meio do amor que acaba nos rodeando...

Acho que ainda não disse aqui como fiquei mais sensível aos casos públicos de câncer depois que me descobri doente. Sempre ficava triste ao saber que alguém famoso ou próximo de mim de alguma maneira estava doente, em especial com câncer. Mas depois da minha experiência, chego a chorar quando vejo esssas histórias. Primeiro foi a Drica Moraes, recuperada, falando de como se sentiu; depois, a Marcia Cabrita contando no seu blog que não queria mais ficar falando sobre isso e ser usada de exemplo e conselheira. Por último, foi a entrevista do Reinaldo Gianecchini no Fantástico. Ver aquele homem lindo, em rede nacional, em um momento difícil, com toda a calma e serenidade do mundo falando sobre seu tratamento, foi uma coisa que me tocou muito. A força e o despojamento dele me pegaram fundo. Mas nada se compara em termos de sensibilização à morte do Steve Jobs.

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Quando eu soube pelo Facebook da morte do criador da Apple, foi esquisito. Cada um que morre de câncer me deixa uma sensação estranha, me faz ter um confronto com essa realidade - se bem que a morte é uma realidade para qualquer pessoa, mas depois falo disso. No caso de Jobs, eu tinha uma desconfiança de que o tumor dele era o mesmo que o meu. 

 O tipo de câncer que Jobs teve nunca foi divulgado. Mas, na manhã do dia seguinte à morte dele, na sala de espera do Lamina pra fazer meus exames de acompanhamento (a vida realmente tem senso de humor - negor, rs), o Bom Dia Brasil fez a descrição detalhada do câncer dele, sem dizer o nome. O médico Luiz Fernando Correa comentou que era um tumor raro, raríssimo; que os primários apareciam mais comumente no pâncreas, no intestino ou no pulmão; e que a metástase, quase sempre letal, era no fígado. Chorei de soluçar, que nem criança. Era exatamente o meu tumor carcinóide.

Nessa hora, o que passou na minha cabeça foi: tenho quase cinco anos de acompanhamento por fazer. São três chances por ano de descobrir uma metástase. Se nem o Steve Jobs, com todo o dinheiro do mundo, os melhores tratamentos e até um transplante de fígado (!) morreu, se eu tiver uma metástase vou entrar nos 85% que morrem desse tumor.

Aqui eu faço um parêntese: ser jornalista é uma m#&%@. Quando tive o diagnóstico, fui direto nas fontes confiáveis saber tudo a respeito: descobri que o tumor é raríssimo, que acomete mais pessoas jovens, que não se sabe o motivo, e que em caso de metástase, a sobrevida em cinco anos é de apenas 15%. Informação é poder, e quando é com você fica martelando na sua cabeça, rs.

Depois do choque inicial, voltei ao otimismo e aos fatos: zero infiltração em linfonodos, descoberta rapida, cirurgia a jato e sem complicações, exames em ordem e vida saudável. E pra que chorar e sofrer por antecipação? Em vez disso, decidi seguir a filosofia dos grupos anônimos (AA, NA): só por hoje.

Aproveitando a deixa: é só, por hoje (hahaha)



domingo, 1 de janeiro de 2012

"Tudo novo de novo, vamos nos jogar onde já caímos"

Escrever dua vezes por semana no bloguinho. Essa é uma das minhas metas para esse 2012 novinho - e ele será diferente do que passou, para melhor ou pior, na medida de como agirmos! Nunca fui de fazer listas de promessas para o Ano Novo, nem mesmo a clássica "vou emagrecer", rs. Mas, este an resolvi fazer algo diferente: vou listar aqui algumas metas para 2012, e conto com os amigos para acompanhar, cobrar e torcer! A lista está por ordem de lembrança, e não de importância...

- Me exercitar de verdade: a primeira providência é montar um horário para os treinos de corrida. Vou desistir de vez da musculação, já que não gosto mesmo disso, e ficar só com a hidro hard. O plano são três dias de hidro e três de corrida por semana. Seguindo direitinho, vou enxugar minhas curvas e cumprir a segunda meta do ano, que é...

- Correr a São Silvestre: é autoexplicativo, né? Com um ano de treino e algumas corridas de rua, acho que chego nos 15 km da SSilvestre em 31/12/2012 numa boa.

- Organizar a vida financeira: terei um 2012 com menos maquiagens, menos roupas, menos esmaltes comprados... E menos será mais! Mais dinheiro para gastar de forma responsável e controlada!

- Pensar menos no meu acompanhamento: sim, sim, não esqueço que estou vigiando um câncer. Mas neste segundo ano de acompanhamento quero me forçar a não pensar nisso o tempo todo, não me descabelar, não ficar chocha com tanta frequencia... A meta é me concentrar no que realmente importa e é concreto - meus treinos, meu trabalho, minhas viagens já planejadas e as que ainda não planejei para este ano...

São cinco metas no final, contando com o compromisso com o blog! A animação do primeiro dia do ano que me acompanhe e a que a Força esteja comigo!

Feliz 2012!!! Feliz Vida!!!