terça-feira, 22 de maio de 2012

A crise da cicatriz

Sim. Quando passei pela cirurgia e fui pra casa, o que sobrou foi uma cicatriz - no sentido literal e no figurado. E um está intimamente ligado ao outro. Ontem foi dia da Crise da Cicatriz, a primeira depois de quase 1 ano e meio de cirurgia.

É engraçado porque sempre tive uma relação boa com essa marca. Perdi a conta de quantas pessoas me sugeriram fazer uma tatuagem em cima dela, e eu achei bobagem (continuo achando), porque ela seria como uma ruga, conta a minha história. Nunca escondi a dita-cuja, porque sempre adorei minhas costas e portanto, amante dos decotes que a deixam a mostra. E minha lagartinha nunca foi empecilho para continuar mostrando essa parte do meu corpo.

Mas ontem - na verdade hoje, já era maia-noite - quando fui tomar banho, resolvi olhá-la pelo espelho. É uma ação rotineira para mim, fico olhando pra ver se ela sofreu modificações, se está escurecendo, clareando, enfim... Vi que estava clarinha, o que é bom; mas na mesma hora me deu um nó no peito! Comecei a chorar, e, mais uma vez, o Marido foi quem me ouviu. Fiquei pensando - e falando - o quanto gostava das minhas costas, e que agora aquilo estava ali, e eu não conseguia me reconhecer naquilo. Foram bem uns 10 minutos de choro soluçado mesmo, daqueles com vontade!

Hoje acordei e achei engraçado tudo aquilo, de uma certa maneira. Essa marca sempre foi tratada com carinho, como uma coisa "minha" e de repente não era mais reconhecida. Que mudança é essa? Sei que ainda muitas virão depois que descobri esse câncer e todo o percurso até a cura parcial do momento, mas não sei como vai ser essa montanha russa ao ongo do tempo.

Na verdade, acho que há uma semana fiquei refletindo sobre a cicatriz, por causa do Feijão (pra quem não sabe, é o meu sobrinho Igor). No dia das mães, ele viu a marca e perguntou o que era. Eu lembrei de quando ele foi me visitar no hospital e contei a história, que o médico tinha cortado pra tirar uma "bolinha de doença" que estava "dentro da titia". A pergunta dele: "Mas cortou com faca?". Acho que esse espanto dele ficou guardado ao longo da semana - mesmo eu explicando que não tinha doído, que eles deram um remédio pra eu dormir, bla bla bla. Acho que não doeu na hora, mas tem doído agora, né?

"Mas cortou comm faca?" É, eu também fico perplexa com isso...

***

Sim, sou picareta. Um mês e 8 dias sem escrever uma linha. Tsc, tsc

9 comentários:

  1. As rugas são marcas de amadurecimento das pessoas, não é? Então, ela feito ruga, marca de amadurecimento! Você é uma guerreira e guerreiros tem marcas, cicatrizes. Não lide com isso como uma aberração, não é, é só uma marquinha, perto da sua beleza!
    Beijocas Camys

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  2. E as cicatrizes são as marcas das lutas. Se ficou a cicatriz e você ainda está aí para contar a história, é sinal que VOCÊ venceu a batalha!
    Beijo e muitas saudades.
    João Paulo Savastano Mobílio

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    1. JP, obrigada! Ainda não tinha olhado por esse prisma... Muitas saudades tb! Bjs

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  3. Eu acho a sua escrita muito gostosa, Lais! sério, dá uma sensação de bolinha de queijo e doce de leite em pó. não me peça para explicar, pq nem eu sei o pq dessa literariedade alimentícia...=*

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    1. Hahaha... Gostei! Amo bolinha de queijo; e docinho de leite em pó, hummmm, não precisa nem dizer! Se as comparações são essa é pq está ótimo, hein?

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  4. Vc tem direito a crises, faz parte do seu processo! elas só não podem ser um tormento corriqueiro. É assim mesmo, amiga. Crescer dói. Evoluir dói. Essa etapa que vc vem passando - e superando - exige muito de qualquer ser humano. Mas se ficar muito pesado, estamos aqui!

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    1. Esse é o maior desafio: saber que eu posso ter crise e chilique... Pode deixar que sei bem que teu colo tá aí a postos! Bjão!

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  5. Amo seus posts, sua historia de vida é linda e de uma vencefora. O tempo nos afastou mais a admiraçao continua. Saudades! Um grande beijo.
    Amanda Thiele

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