quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Projeto "in treatment"

Tá bom. Mais uma vez estou com medo. Há dias com uma sensação de apatia que me impede de fazer as coisas mais simples em casa. Paralisada. Em dezembro, mais uma leva de exames. E depois de tanto tempo, bateu um terror de acontecer tudo de novo: diagnóstico, medo, cirurgia, recuperação, exames, exames, exames sem parar. Hoje me dei conta do motivo. Há dois anos, quando desvobri o câncer, tinha acabado de voltar de uma viagem maravilhosa, muito sonhada e planejada, estava vendo o mundo cor de rosa, e poucos dias depois estava com câncer. Acho que minha cabeça viu uma repetição: acabo de voltar de uma viagem maravilhosa, muito sonhada e planejada, estou vendo o mundo cor de rosa... Por que não vai acontecer a mesma coisa?

Me sentir assim, à beira da depressão, é muito ruim. Paralisante. Nâo combina comigo. Quando tudo passou, fiz uns meses de terapia. Foi ótimo, me sentia muito bem, mas cansei. Mas, tenho que reconhecer: ter essas oscilações de humor são normais na minha condição - e em tantas outras, mais ou menos graves.

Por isso, tive uma ideia: todo mundo já viu no Facebook aquele post "se vc conhece alguém que está lutando contra o câncer, venceu, ou perdeu a luta, deixe isso uma hora em seu mural". Parece confortante para quem está passando pela doença. Para mim não é! Mas foi útil porque a partir disso, pensei como seria bom saber de outras pessoas o câncer ou outras doenças graves, para saber se eu tô ficando maluca, se só eu penso coisas malucas, tenho crises de raiva, de tristeza, de culpa... Por que não no blog? E com ajuda do Facebook?

Fica aqui o convite: se vc está passando, ou conhece alguém que está passando por essa situação, que  queira trocar experiências, é só dar meu blog. Vou abrir espaço para diversos guest posts para quem quiser compartilhar com todos, ou apenas trocar ideias in private.

Tomara que dê certo. Conto com os amigos, parentes, amigos dos amigos e todo mundo...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

No topo, bebendo vinho e testando o pulmão!


A quase três mil metros de altura, me dei conta de que realmente posso tudo. Por uma semana inteira eu e o Marido estivemos na Argentina, em Buenos Aires e Mendoza. Esta viagem era um sonho que se transformou em um plano há um ano atrás. E ao chegar ali, em uma das montanhas da pré-Cordilheira dos Andes, com muito sol e frio também, vi que não era uma doença que mudaria quem eu sou, meus desejos e minha vontade de me aventurar. Essa foi a prova de fogo para meu pulmão sem um pedaço, porque mesmo com ar rarefeito, esforço, um pouquinho de perda de fôlego e medo ele se saiu muito bem e me levou a uma das paisagens mais impressionantes onde já estive.

Quando decidimos ir à Mendoza, a única ideia que tínhamos eram vinhos, vinícolas e a imagem da Cordilheira dos Andes. A ideia da viagem começou com a nossa paixão por vinhos, e Mendoza é a principal região produtora argentina, de onde vêm 80% dos vinhos do país e que ocupavam uns 50% da adega aqui de casa. Mas, à medida que fui avançando nas pesquisas, fui descobrindo mais encantos desta cidade: um deserto que virou um oásis tem programas para diversos perfis, inclusive aventuras radicais. Mostrando tudo para o Marido, ele gostou e sugeriu que fôssemos também a Buenos Aires. Fiquei animadíssima com essa empreitada!

Em Buenos Aires foram longuíssimas caminhadas por essa cidade linda, limpa, com gente muito simpática e receptiva (ao contrário do que reza a lenda, os hermanos ficavam ainda mais simpáticos quando sabiam que éramos brasileiros...). Almoços com carne deliciosa, muito dulce de leche no café da manhã e no Café Tortoni, sorvete, empanadas.... Ainda bem que andamos muito, se não tinha voltado rolando de lá! E ainda teve açgo incrível: fizemos carinho e demos leite a um leão no Zoo de Lujan!



Na noite do nosso aniversário de casamento (sábado, 22/9), fomos assistir a um shoe de tango no Café Tortoni. Lindo, intimista, nada daquele estilo "Show de Mulatas do Plataforma" que andei vendo por aí. Só um cantor, uma banda com quatro músicos e um casal de dançarinos. Ao chegar, fomos para nossa mesa, onde já havia uma dupla de senhoras - depois soubemos que eram mãe e filha. Pensamos se falávamos ou não com elas, e decidimos pedir uma garrafa de champagne pra brindar nosso aniversário e oferecer uma taça a elas. A decisão foi mais que acertada! María Julia e Toti tinham ótimo papo, muita simpatia e eram moradoras de Mendoza! O encontro nos rendeu um convite para um jantar maravilhoso na casa delas, marcado por e-mail para a quarta-feira.

Chegamos à casa da Toti, a mãe, e fomos recebidos por Cecilia, uma irmã da Julia. A família toda nos aguardava: um outro irmão da Julia, a mulher dele e os dois filhos, Gonçalo e Sabrina. Os dois lindos! O Gonaçalo estava louco para nos ouvir falar português, porque é fão do Hulk e do Cristiano Ronaldo, além de adorar "Ai, se eu te pego" e "Tchetcherere" (nem tudo é perfeito, rs). Tivemos que falar e cantar essas músicas para ele. Foi uma noite mais que agradável, todos muito curiosos sobre o Brasil, com deliciosas iguarias típicas argentinas, um cuidado amorosíssimo da María Julia. Foi a coroação de uma viagem deliciosa, com um inesperado impensável! Voltamos de lá com amigos fora do Brasil...

Em Mendoza, além de novos amigos e trekking na cordilheira, tivemos dias recheados de vinho e almoços deliciosos nas vinícolas! Também fizemos uma aula de culinária maravilhosa - sem dúvida, nossa melhor refeição em solo argentino... E muito romance, claro, que era uma viagem comemorativa de cinco anos de casados! O saldo são duas pessoas com mais bagagem cultural, mais conhecimento, muitas garrafas de vinho na bagagem (que chegaram intactas!), e mais felicidade!

Nossa primeira viagem internacional, com boa comida, vinho, aventura, cultura e muito romance!