Acabo de ler uma entrevista da Paolla Oliveira na Marie Claire. Entre tantas outras coisas, ela diz que a crise dos 30 ela teve aos 28, e que agora aprendeu a se aceitar como é - de coxa grossa, nada magrela, sem cabelo escorrido... Se a protagonista da novela das 21h, símbolo de beleza, passa a ser mais segura de si aos 30 e ainda assim se sente cobrada o tempo todo, me sinto mais tranquila com as minhas próprias neuras!
Não me lembro de ter tido grandes problemas com a minha aparência. Tinha meus grilos, me achava feia, mas aceitava que a vida era assim: uns bonitos, outros feios. No stress. A primeira sensação de inadequação aconteceu quando entrei na universidade: pela primeira vez na minha vida estava em uma sala de aula sem outra pessoa negra. Eu era a diferente (com o tempo outros e outras pintaram, mas na maioria das aulas era só eu). Mais tarde, a minha tranquilidade a respeito do meu peso também se foi, com a mesma velocidade que os 30 se aproximavam e esse assunto se tornou onipresente em qualquer rodinha de amigas.
Quando descobri o câncer, aos 29, estava super bem-resolvida com minha aparência, amando muito meu cabelo, minha pele um tanto oleosa, e meu peso acima do adequado. Mas a doença foi um soco na minha autoestima. O tempo de internação me deixou horrorosa: em cinco dias, sem conseguir tomar banho, sem poder eu mesma pentear os cabelos e etc, minha pele ficou grossa de oleosidade, me sentia fedorenta, mais gorda, e o pior, meus cabelos tão embolados que ficaram como um "cobertor de mendigo". Na época, estava no ar a novela "Araguaia", e para me reafirmar e reconhecer, mostrava para a equipe médica o cabelo da Raquel Villar e dizia: "É assim que eu sou de verdade. Essa aqui não sou eu".
Impressionante como a beleza é fundamental - ou melhor, se sentir bonita é fundamental. No momento de maior fragilidade que já passei, eu precisava me reafirmar como a pessoa bonita que eu levei tanto tempo para reconhecer. Na verdade, esse revés me fez ter mais amor por mim, a ressaltar o que tenho de mais bonito fisicamente falando. Aliás, foi por causa do tumor que tomei coragem e fiquei loira!
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Mas, ao contrário do que diz muita gente, ter câncer não transformou a minha vida milagrosamente. Continuo na luta para emagrecer, e não é simplesmente por um padrão: é porque não me reconheço nesse corpo. Me olho e vejo uma estátua africana de fertilidade... E a ironia é não me reconheço na imagem e menos no simbolismo: pareço uma deusa da fertilidade e nem quero ter filhos!
Então quero voltar a me reconhecer. A receita: dieta, balé, academia e corrida. Vamos ver qual será! Nunca vou ser magrinha, assim como a Paolla Oliveira: tenho coxa, bunda, quadril, peito. Sou negra e meu corpo não nega minha negritude. É assim que sou e me amo - ainda que sempre queira fazer uns ajustes, rs
Na minha cabeça sempre me vi magrinha.Quando falo que quero ser magra,não é por modinha,ou imposição da sociedade.É por não me aceitar nesse corpo redondo em que me encontro.Embora tenha perdido consideravelmente uns quilinhos ainda não me vejo plena e satisfeita com meu corpo.Aliás,sempre vai ter um probleminha e outro a ser "consertado",mais venhamos e convenhamos,entrar em uma loja e entrar numa calça jeans apertadinha sem ver aqueles famosos pneusinhos saltado pela lateral é muito melhor do que ver ela entalada nos joelhos,kkkkkkkkkk Esse texto era tudo o que eu precisava pra continuar minha saga aos 65 quilos.Obrigada :D
ResponderExcluirAdorei! Super útil lembrar que precisamos estar bem segundo nossos critérios, os essenciais. Não os que adquirimos por influência... Compartilhando no face para que outras amigas também se lembrem. Bjss
ResponderExcluirVida e atitude!
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